domingo, 14 de outubro de 2012

CUIDANDO DO SER XXVIII – Desejo e Reparação.


Depois de uma longa espera. Depois de várias horas refletindo. Depois de constantes conflitos. Depois de tentar fugir. Depois de perder todo o medo e enfrentá-los frente a frente. Depois de quase não acreditar que eles realmente existiam com  toda força e intensidade. Depois disto tudo, decidi repará-los. Reparar os desejos do coração. Entretanto, apenas posso reparar o que conheço. E essa foi a questão que se segue.
Fechei a porta do quarto. Folha e papel na mão. Mergulhei no mar “absconditus” da minha alma. Mergulhei em direção ao que move o ser humano, os desejos. Fiquei surpreso com o que encontrei. Desejos impossíveis, desejos caros demais para se colocar em prática, desejos passados, desejos que me deixaram assustados.
Não gosto de guerras! Não conseguiria viver com uma guerra instalada no “planalto” do meu coração. Não conseguiria conviver com o exército desejante e incansável do “Id”, enfrentando o exército castrador do “Superego”, em uma guerra épica dentro do meu coração. Seria uma empresa impossível.
Assim comecei fazer algumas interrogações: “O que pode um corpo?” O que é certo? Qual o limite da liberdade? O que ou quem posso amar? Até onde tenho o direito de ir? O que ou quem é o meu parâmetro?
A medida que me encontrava os meus desejos mais íntimos algumas interrogações pairavam sobre a minha cabeça: “O que você almeja para sua vida, Luciano?” “Onde você realmente deseja chegar?” “O que você pretende conquistar?” “Que preço você pretende pagar?”
Com o silêncio sepulcral ao meu redor comecei a (re)analisar minha listagem de desejos. Comecei a repará-los. Comecei a riscar os mais perigosos, os mais “caros”, os mais insensatos e os mais insanos.  Aqueles que foram possíveis reparar e dar uma mascarada permaneceram. Mas, eles tiveram de passar pelo crivo do superego. Todavia, parece que nesse dia ele estava de bom humor.
Desejos de conquista foram revistos. O “norte” restabelecido. O foco mantido. Desejos passados foram relembrados, mas esses realmente estão no passado não causam mais transtorno.
Assim o tempo passou! Diante dos meus desejos mais loucos e insanos me descobri um pouco mais. Outros desejos certamente virão, afinal, são eles que de alguma maneira nos movem. Entretanto, estes já estão reparados.
Cuidando do ser. Você saberia dizer para você mesmo quais são os seus desejos mais intensos e profundos? Você sabe quais destes desejos desestabilizam sua alma em uma tarde de quarta – feira? Você saberia dizer quais desejos causam guerra entre o “pode” e o “não pode” dentro da sua alma? Você teria coragem de entrar em contato com o que te move e se for preciso reparar algum desses desejos insanos? A proposta está feita! A briga é boa! No mínimo muito intensa! Os lobos (desejos) estão aí, ou você os domina ou eles te farão de escravo. Mas, lembre-se,  você nasceu para ser livre!  

Por Luciano de Paula. 
14/10/2012.


sábado, 15 de setembro de 2012

CUIDANDO DO SER XXVII - Falcão Negro.


Por esses dias aconteceu uma dinâmica. O facilitador pediu que escrevêssemos o nome de um animal com o qual mais nos identificássemos. Sem muito pensar o animal que me veio a mente foi o “Falcão Negro”. Desde esse momento uma série de gatilhos foram disparados em minha percepção de vida.  

Na devolução da dinâmica o facilitador disse que o animal escolhido se referia a nossa percepção de como nos vemos. Falcão Negro! É assim que me vejo? Assim fui buscar algumas características que poderiam me identificar com essa ave.

Liberdade! Imagino ao amanhecer o falcão levantando vôo. Não existe uma estrada, não existe uma rota. Não existe relógio. Apenas um céu azul. Uma vida para ser vivida. Asas ao ar. Lá se vai essa ave grandiosa. Tem a liberdade como essência de vida. Assim, descobri que amo a liberdade.  Nada me prende. E no dia que me sentir preso, esse será o dia em que não estarei mais. Se estou é por vontade deliberada, não por obrigação ou prisão. Não consigo imaginar uma ave que nasceu para ser livre vivendo presa em cativeiro, seja ela qual for. Eu não conseguiria sobreviver!

Autonomia! O falcão negro parece não depender muito dos outros animais. Ele  da conta de si próprio. Quando tem fome caça. Quando se cansa de voar procura uma corrente de ar para descansar suas asas. Gosta de uma boa paisagem e ar puro. Amo as pessoas e procuro o máximo possível não incomodar, prefiro às vezes ser incomodado a incomodar os outros (claro a Rê não conta). O poeta popular já cantou: “E mesmo sem te ver, parece até estou indo bem, só apareço por assim dizer, quando convém aparecer, ou quando quero, ou quando quero”. Isso faz parte do Falcão Negro!

Solitário! Você não vê o falcão negro voando em bando como as garças. Ele é sempre encontrado nas maiores alturas. Vê as coisas lá de cima com seus olhos potentes, mas quase sempre só, e quase sempre fica lá mesmo. Ter acesso a ele não é uma tarefas das mais fáceis. Como a liberdade, a solidão também faz parte do seu ser. E isso não é bom ou ruim só faz parte da sua natureza, da sua essência. Ele é feliz assim.  Também gosto de estar só. Desde muito cedo aprendi como é bom estar comigo mesmo. Claro, não sou uma ilha. Amo a presença de pessoas que me queiram bem, mas não tenho nenhuma dificuldade de ser encontrado em contato comigo mesmo. Evidentemente o Falcão Negro passa por momentos de perigo. Alguém até já escreveu, em algum lugar sobre “ O Falcão Negro em Perigo”! Voar já é perigoso por excelência. Entretanto é no perigo, é no risco do vôo solo, é no estar consigo, só consigo mesmo, que o falcão negro se encontra. Parece que são nessas mesmas circunstâncias que também me encontro, me encontro  plenamente enquanto ser no mundo!

Cuidando do ser! Se hoje lhe fosse  perguntado: - Com que animal você mais se identifica? O que você responderia? Quais boas características você encontraria nesse deslocamento? É um exercício psicologicamente válido, pode ter certeza. Teriam outras coisas para escrever sobre o Falcão Negro, todavia, penso que essas já falam bastante da minha essência. Você teria coragem de ir em direção a sua, a sua essência? Em uma ave descobri muita coisa a meu respeito. Você estaria disposto (a) a também se auto- descobrir?   

Por  Luciano de Paula.
15/092012.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

CUIDANDO DO SER XXVI - PATÉTICO


Nesse feriado tirei um tempo para relaxar! No fim da tarde estava aguardando, introspectivamente, a chegada da noite. Essa veio adentrando ao quarto e me trazendo junto com ela inúmeros pensamentos e reflexões. O que ocorre aqui foi uma dessas reflexões.

Nessa minha existência algumas vezes já me senti muito, muito patético! Patético por não conseguir deixar de falar e não me calar, patético por não conseguir deixar de expressar o que gostaria de expressar. Sempre acabava falando e me expressando e isso, às vezes, parecia tornar-me patético aos olhos de quem me via. Tipo, um homem (um amigo) falar para outro amigo: -  Eu te amo! Meio sentimental demais, diria alguém. Mas esse sou eu!

Então comecei a colocar todas as minhas falas na balança e penso que disse tudo a todos. Aos meus pais, a minha avó, a minha irmã, aos meus amigos e a minha esposa. Se me faltar uma nova oportunidade de dizer, talvez patéticamente, “eu te amo”, eu já disse. A todos que devia consideração e reconhecimento acredito, também, tê-lo feito. Não me sinto em falta!

Assim minha noite ficou mais leve. Sinto não dever nada a ninguém, senão o amor, e o amor é livre e leve, é sem obrigações e restrições. Amor é retorno, retorno sem promessas.

Nessa mesma tarde escolhi perdoar. Perdoar todas as promessas que me foram feitas e não cumpridas. Algumas difíceis de digerir, mas necessárias. Perdoei todas as palavras faladas sem fundamento. Perdoei toda grana que me deviam. Escolhi não esperar nada de ninguém. Sem dever, sem compromisso, sem retorno, sem contas a receber, apenas a vida a viver. Ninguém me deve nada! Chegar a esse ponto é libertador. Sem ressentimentos! Então a tarde ficou ainda mais leve, sem peso, tranqüila.

O que fica? Fica a vida! Fica o imponderável e a oportunidade de um novo “eu te amo”, de um novo “você é muito especial para mim”ou “eu gosto muito de você”. Entretanto, se estas palavras não forem repetidas, não haverá problema, pois todas elas, uma a uma já foram, amorosa e carinhosamente, ditas em bom tempo, a quem de direito. Com toda verdade e intensidade e às vezes com uma dose de patetice que minha alma sabe demonstrar, mas nunca sem a emoção e o sentimento correspondente. Independente para quem tenha sido, quando disse que “eu te amo”, sempre foi real e verdadeiro, sempre foi para valer!

Cuidando do ser. Se amanhã fosse seu último dia de vida, você teria alguma coisa a dizer a alguém? Você teria alguém a quem perdoar?  Como anda sua alma? Leve como a pluma ou pesada como o chumbo? Eu posso levar outras coisas comigo, mas não a dívida de ter deixado de falar para as pessoas que amo, o quanto as amo e amei, estando perto ou longe. Você tem alguma dívida de amor com alguém? Não seria uma boa hora para começar a pagar? Faça hoje a sua escolha! Calar ou Falar? Escolhi falar, desde então minha alma tem conhecido a leveza da pluma.



Por  Luciano de Paula.
07/09/2012.

domingo, 2 de setembro de 2012

CUIDANDO DO SER XXV – O Poder Sublime do Beijo!


Estava observando um vídeo de uma música do Simply Red e o poder sublime do beijo me chamou a atenção. O que significa o beijo? O que significa tocar os lábios de outra pessoa?

As pessoas que ganham a vida vendendo o seu corpo, segundo dizem, não beijam. Em contrapartida um número cada vez mais precoce de adolescentes, pré – adolescentes e até crianças buscam a prática do beijo. Que poder há por trás desse ato?

Para mim o beijo é a expressão máxima do afeto e da intimidade. Um casal pode praticar o ato sexual sem que uma das partes esteja envolvida de corpo e alma, mas um casal não pode se beijar intensa e profundamente sem que ambos estejam de corpo e alma presente.

Beijo é entrega! Beijo é se misturar e se deixar misturar com a alma do outro. É vontade deliberada. É preenchimento emocional. É a “garrafa” que transborda. É o símbolo máximo da introjeção de duas almas. Talvez por conta da grande carência afetiva os adolescentes ficam tão desesperados para encontrar um par para beijar.

Recordo-me do meu primeiro beijo. Parece que naquele dia deixei de ser adolescente e me tornei jovem. Na verdade me roubaram um primeiro beijo! Eu era e acho que sou muito tímido. Mas aquele beijo virou uma página na minha vida! Deixei de me sentir adolescente e passei a me sentir jovem, afinal tinha beijado uma bela moça. Lembro-me também dos beijos que não dei, quase uma pitadinha de arrependimento! Lembro-me dos beijos que não consegui e da frustração que senti, não era tão bom assim! Lembro-me que mesmo depois de quase nove anos continuo com a mesma vontade e desejo de beijar minha Rê. O beijo para mim, também, é o símbolo máximo da aceitação!

Cuidando do ser. O beijo não deveria ser algo banal. O beijo não deveria ser algo fugas. O beijo deveria ser comparado ao encontro do navio com o porto. Do porto que aguarda pacientemente o navio que traz as alegrias e as novidades. O beijo deveria ser como o beija  - flor, que com toda delicadeza e sensibilidade encontra a flor.O beijo deveria ser como o mar que suavemente vem encontrar a areia da praia . Nesses “dias de noite longas” talvez não tenha lua, mas talvez tenha a companhia de alguém que mereça seu beijo, não se furte da oportunidade! Hoje darei um beijo bem gostoso na pessoa que amo! Você teria, hoje, alguém para compartilhar sua alma? Fundindo – se com calma, na alma de outrem e provando do poder sublime do beijo? Beijo é entrega, é entrega máxima, profunda e total. Desejo que você tenha, hoje, alguém com quem você possa compartilhar sua alma, em amor, em entrega, em afeto, em um beijo tão simples e profundo, mesmo que seja somente em um beijo singelo de boa noite.

Por Luciano de Paula.
02/09/2012.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CUIDANDO DO SER XXIV - Transatlântico.


Algumas pessoas, como eu, se valem de metáforas para tentar explicar de forma mais clara como percebem a vida. Tenho minha maneira especial de ilustrá-la.

Comparo minha vida a um grande transatlântico. Um grande navio construído para desbravar oceanos profundos. Romper tempestades, mares bravios, atravessar dias longos de solidão sem ter nada e ninguém por perto senão o imponderável do oceano ao seu redor.

Comparo os meus grandes amigos a ilhas. Belas ilhas que, na viagem da vida, tenho a oportunidade de encontrá-las e vez por outra reencontrá-las. Esses encontros são sempre recheados de grandes alegrias, rememorações antigas, lembranças marcantes e afetos incomparáveis.

Um transatlântico sempre está de passagem. Ele não pode ficar muito tempo, pois é muito grande para atracar, e é só a maré subir e ele encalha. Esse não é o propósito, por isso os encontros são sempre muito intensos e afetuosos. Sabemos que eles serão sempre breves! Quase sempre sem promessas de retorno, mas com a garantia do amor que é verdadeiro. Esse amor costuma fazer com que nos reencontremos.

A chegada do transatlântico é sempre comemorada com muitos fogos de artifícios, uma mesa farta, uma série de brincadeiras, rola até kart. Todavia, a despedida sempre é muito dramática, pelo menos para mim! Por isso um forte abraço e beijos de despedida.

Beijaria todos os meus grandes amigos ao me despedir, mas tem uns que não dá (coisas de “macho”, então ficamos somente no abraço), mas em minhas grandes amigas dou-lhes um beijo, um beijo de despedida.

Cuidando do ser. Depois que elaborei essa metáfora, a forma com que reencontro meus queridos mudou. É um encontro, pode ser o ultimo. A vida, como o mar, tem os seus mistérios e, numa dessas, certamente não voltarei. Então tem que ser o mais intenso possível. Ao partir, vejo a “ilha” se distanciando, quase sempre o coração aperta, dá um nó na garganta, os olhos enchem de “água”, é a vida que segue. Estou em viagem, estou em cruzeiro e as ilhas não são a chegada, apenas a oportunidade riquíssima de velhos - novos encontros, velhos – novos afetos.

A despedida é forte. A separação dói. A distância incomoda, mas a ilha é apenas uma ilha, o destino da viagem é o porto e é para lá que está indo o transatlântico, levando muitos abraços e beijos de despedida. Se você fosse convidado(a) a fazer hoje uma metáfora que ilustrasse sua vida, qual seria a sua história,  qual seria a sua metáfora de vida?  Arrisque-se. Pense nisso! Eu... Eu estou em viagem, eu estou em cruzeiro! E você?

“O porto é um lugar seguro, mas as grandes embarcações foram feitas para os mistérios e perigos dos oceanos”.


Por Luciano de Paula.
31/08/2012.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CUIDANDO DO SER XXIII - TRIBUTO AO VAZIO EXISTENCIAL



          Alguns certamente dirão que o texto é pessimista. Outros, que é forte. Para mim, ele é real e libertador. Tire você mesmo suas próprias conclusões.
Demorei 31 anos da minha vida para descobrir o poder do vazio e o impacto que ele causa no ser humano. Para chegar a esse ponto, algumas experiências tiveram de ser vividas e  sentimentos intensos tiveram de ser elaborados com muito cuidado e paciência. Não sem desconforto e algumas vezes com uma boa dose de solidão e angústia.
Com relação aos sentimentos elaborados, gostaria de escrever sobre a sensação de posse. A perda da sensação de segurança em ter alguma coisa. O sentimento de possuir confrontado com a realidade de que nessa vida, de fato e de direito, não temos nada, não possuímos nada, o que se tem é “ilusão de pertença”. Chegamos a esse mundo e vamos dele sem levar absolutamente nada. Todavia, a nossa alma insiste em nos “trair” e transmitir a impressão de que temos alguma coisa, de que possuímos ou de que somos donos. Nem a nossa vida nos pertence.
O que a vida faz é nos emprestar. A vida nos empresta amigos. A vida nos empresta pais. A vida nos empresta filhos. A vida nos empresta momentos felizes. A vida nos empresta “momentos no telhado”. A vida nos empresta esposa. A vida nos empresta casa ou carros. Tudo que temos ou possuímos não passa de um empréstimo generoso que a vida nos concede. E como um bom empréstimo, mais cedo ou mais tarde, teremos de devolver.
Não queremos empréstimos, queremos para sempre. Tendemos ao sentimento de possessão. É meu amigo, é meu pai, é meu filho, é eternamente meu! E por tantas vezes e por muito tempo se fica autoafirmando uma ilusão de posse e se perde a oportunidade de viver o momento sagrado da presença, do encontro. Chegar a essa elaboração foi muito difícil, como disse acima, mas, igualmente muito libertador.
Assim, fui impulsionado a repensar o que possuía em meu guarda-roupa. Em uma manhã de julho, acordei e fui colocando para fora todo tipo de roupas antigas, sapatos que estavam ali e há muito tempo não usava. O guarda-roupa, então apertado, ficou bem vazio. Depois, comecei a limpar o “guarda-roupa” do meu coração. Comecei a tirar coisas que estavam ali, que achava não precisar e sentimentos de posse que achava ser meu. Como ficou vazio o guarda roupa do quarto!  O do coração então, ficou bem vazio!
É angustiante tentar domesticar o vazio. Não é tarefa fácil. Insisti, persisti, acusei o golpe, mas aguentei o tranco. Precisava estar face a face com o vazio existencial. Foi uma luta épica que durou longos dias travada no “absconditus” da minha alma, mas estava ali e não iria permitir ajuda de distrações e lantejoulas querendo ocupar o espaço vazio de meu coração. Foi minha decisão esvaziá-lo, não iria voltar atrás! Era o momento do encontro com o vazio, com o vazio existencial. Parece que a guerra foi vencida. O vazio existencial persiste, agora domesticado. Assim, permito a sua presença necessária. Pois é nesse espaço que a vida vem colocar graciosamente os presentes que, vez por outra, ela insiste em nos conceder, ou melhor, nos emprestar, como, por exemplo, a visita ilustre e inesperada, no dia dos pais, do meu grande pai e minha querida irmã, preenchendo o vazio da saudade e da impossibilidade da minha parte de visitá-los. Foi muito gratificante, emocionante, diria.
Tenha coragem!  Permita-se! Prepare-se para estar diante do vazio existencial. Arrume espaço em seu guarda-roupa para a vida preencher os vazios. Ela não costuma decepcionar. Não tem me decepcionado. Outros afetos e encontros virão, acredite! 
 Hoje, esse espaço está sendo preenchido por novas experiências, novas pessoas, novos encontros, outros momentos, outras falas e ilustres afetos. Contudo, sem a ilusão de pertença ou possessão, apenas de gozo e de alegria em viver o que a vida me permitir viver, me lembrando sempre que “é eterno apenas enquanto durar” e que há felicidade nisso. Sem ansiedades ou continuidades castradoras, sem cobranças, sem peso, sem medo, apenas livre e liberto como a alma se propõe e almeja ser. Cuidando do ser. Não temos nem o passado, nem o futuro, apenas o presente. E esse insiste em escapar pelos dedos. Mas, a felicidade está em vivê-lo intensamente. Não esquecendo (por completo) o que se passou, nem ansiosamente preocupando-se com o por vir. Apenas supervalorizando os encontros, os momentos que a vida insiste em nos presentear, seja conosco mesmo, seja com o outro, seja com o imponderável de um dia de sol a beijar nosso rosto com seu calor, ou de um dia chuvoso, em que inesperadamente a chuva vem acariciar nossa pele com sua água fria e relaxante.
Depois que esvaziei o meu guarda roupas, novas roupas chegaram... talvez você também precise esvaziar o(s) seu(s) guarda-roupa(s), para dar lugar a novas roupas,  e a novos afetos e encontros. Assim, certamente perceberá que afetos antigos se revestirão de novas roupagens e novas perspectivas, e que o vazio não é tão aterrador como o pensamos!!!

“Ontem é passado, o amanhã é futuro, hoje é dádiva, por isso se chama presente.”


Por  Luciano de Paula. 
17/08/2012.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

CUIDANDO DO SER XXII – CHOCOLATE!

   “Chocolate”. Foi um verdadeiro chocolate a derrota que sofri para um grande amigo em uma corrida de kart. Até aqui tínhamos competido apenas uma vez. Corri para ganhar, e acreditei que novamente isso iria acontecer. Ledo engano! Foi uma derrota total. Por mais que eu andasse, por mais que tentasse tirar “água da pedra”, tive que amargar a derrota. Depois da corrida meu amigo disse esta participando, todo mês, de um torneio de kart com o pessoal do trabalho. Nesse momento entendi de onde vinha tanta perícia. Ele esta andando muito. Fiquei surpreso e ainda tive de agüentar a “guerra”, as brincadeiras e as risadas no carro voltando para casa. Quem me conhece um pouquinho sabe que não me dou muito bem com a derrota, mas nesse dia não foi derrota, foi um grande “chocolate” e de quebra o corpo dolorido do kart.

   Alguns meses se passaram. Não andei mais de kart. Reencontrei esse meu grande amigo. Saímos, nos divertimos e para dissabor das nossas esposas arrumamos um jeito de encontrar uma nova pista de kart para um desempate, afinal estava um a um no placar geral. Tentei correr, me esquivar, enrolei, mas ele queria correr. Outro “chocolate” à vista. Nunca entrei em uma pista achando que iria perder, mas naquela noite já estava escrito e detalhe, ele acabara de correr uma semana antes em Volta Redonda. Estava até com meu semblante meio descaído sabendo o que iria acontecer.

   Sabe aqueles dias que você tem que se encontrar com você mesmo. Entrei naquele carro, coloquei a “faca nos dentes”, canalizei todas as minhas energias para aquela corria, abstraí tudo e todos, seria a “corrida da minha vida”. Ali apenas eu, o kart e o imponderável. Sabia que não tinha braço para pilotar de igual para igual, logo vamos correr em um circuito aberto onde meu amigo é especialista. Se já estava difícil, seria quase impossível em outro momento. Se eu teria uma chance de tentar alguma coisa, seria nesta corrida.

   Qualificação. Eu estava alucinado! Nem olhava para o painel de tempo. Cada volta era uma eternidade. Precisava tentar largar na frente de toda maneira, era a minha única chance de tentar segurar Junior Alonso. Dei tudo na classificação como se fosse a corrida, não poupei nada, resultado. Larguei em terceiro. Quem largaria a minha frente e de camisa rosa; ele mesmo, Junior Alonso, para minha frustração! Circuito travado, como o de Mônaco, quem larga na frente vai embora. Dar o “pulo do gato” na largada seria a minha ultima tentativa. Diante dos “viciados em kart” que estavam lá, largar em terceiro já fora uma façanha. Mas o meu “grande rival” ainda estava a minha frente.

   Quem gosta de formula 1 sabe que o slogan do Takuma Sato era “vitória ou muro”. Era o meu slogan naquela noite. Baixei a viseira do capacete e fomos para a largada. Tentei dar o bote e pular na frente, foi uma largada tensa, vários karts se esbarrando, dei sorte pulei na frente do Junior Alonso. Seriam os 16 minutos intermináveis até o fim da prova. Olhava para trás so via um vulto rosa me perseguindo durante quase todo o tempo. Estava tenso demais, mas usando tudo o que tinha e o que não tinha. Tentava ser o mais agressivo possível e ao mesmo tempo trazia o kart na ponta dos pés para ele não derrapar.

   Frustração total!!! Quando estava negociando a ultrapassagem com um retardatário fui ultrapassado por uma pessoa que estava de camisa rosa. A única pessoa que vi vestido de rosa na sala de instruções era o Junior Alonso, o marquei pela camisa. Depois da ultrapassagem apenas percebia o kart da frente se distanciando. Fiquei triste. Dei tudo o que tinha e mesmo assim não havia conseguido. Foi frustrante, decepcionante.

   Acabada a corrida. Os carros foram parando. Eu nem queria descer do kart. Sou “debochado” iria receber o deboche. Sai do kart nem tirei o capacete, frustrado demais! – Dei o meu melhor, “faca nos dentes” e mesmo assim nem cheguei perto, realmente ele é muito bom, 2 x 1 no placar geral, nem olhei minha posição no placar. O Junior Alonso veio me cumprimentar eu ainda de capacete, cara de poucos amigos, não queria falar com ninguém. Perdi! Quem gosta de perder, ainda mais depois de ter dado tudo o que tinha para dar!

   Saímos do circuito e fomos para o salão principal pegar o resultado final da prova. Olhei para o Junior e o senti meio comedido. Ao terminar de tirar o capacete e a “bala clava” veio um rapaz vestido de rosa me cumprimentar e me dar os parabéns pelo grande duelo. Quando eu me dei conta eu não estava disputando com o Junior, mas sim com outro oponente, ele também estava de camisa rosa. Saiu o resultado. Luciano Vetel em segundo, Junior Alonso em quinto. Uol!!! Minha frustração de tornou em alegria instantânea. E eu sou “chato” nesse aspecto. Chego a ser inconveniente, às vezes. Naquela noite não queria ser o Junior a me agüentar. Alegria extasiante. Seria uma grande derrota, mas foi uma grande VITÓRIA. Foi emocionante. Conquistar a vitória sobre um campeão que é o Junior Alonso, dentro de casa e aos olhos da torcida foi demais. Eu até hoje me emociono com isso. Foi demais! Foi triunfante! Não tem preço!!! Andou demais Luciano Vetel! Até hoje fico me perguntando como consegui!

   Cuidando do Ser. Isso tudo é somente uma brincadeira de adolescentes grandes, todavia, as vezes, estamos diante de situações da vida onde temos apenas a vontade, a fé em nós mesmos e a certeza de esta fazendo o seu melhor. Poderia ter desistido, mas não desistir, no final deu certo! Você, hoje, pode escolher desistir ou dar o seu melhor em relação a sua vida, aos seus problemas. A vitória ou não fica por conta do imponderável, faça a sua parte da melhor maneira possível e acredite. Afinal quem ousaria ponderar o imponderável! Hoje eu venci e venci bonito. Meu amigo esta com sede de revanche, imagino o que vem pela frente, preciso me preparar. E que venha a revanche e eu já sei que será muito difícil vencê-lo, ele é muito bom, mas eu vou lá, quem sabe! Será um duelo interessante.
   Mas hoje não há chocolate, hoje não, não dessa vez! Hoje há uma super comemoração de uma super e grandiosa vitória. E que venha o circuito aberto de Guaratinguetá. “Faca nos dentes” e vamos que vamos! Estarei lá, e será great!

   Hoje não, Junior Alonso... Hoje não!!! \°/


Por Luciano de Paula. 18/05/12



sábado, 7 de abril de 2012

Cuidando do Ser XXI – CONTENTAMENTO.

     A vida humana é repleta de agitações e impermanências. Parece que o ideal de constância é um objetivo buscado e difícil de ser alcançado em determinadas áreas da existência. Não é fácil acordar todo dia feliz, descansado, disposto, organizado, adiantado e realizado. Os afetos, os atravessamentos da vida insistem em mudar o ânimo e o humor constantemente. Nada é perfeito por aqui!
     Nesses dias tenho descoberto um sentimento que tem conseguido vencer todos esses afetos desestabilizantes. Esse sentimento se chama contentamento e com ele tenho aprendido algumas lições.
     Aceitação. Algumas coisas queiram ou não tem de ser aceitas. O amigo querido que tem de se mudar, ficando a saudade. O relacionamento que se acaba sem um motivo justificável. A percepção de que você é amado, mas a maioria dessas pessoas mora longe e apenas resta aceitar a limitação espaço – tempo, por vezes vencida pelo telefone e internet. Entretanto, não negar, mas aceitar tudo isso faz um grande bem a alma.
     Compreensão da vida. A vida humana é curta e muito cara. A jornada de oito horas diária de trabalho, mais filhos e casa consomem um tempo assombroso, para não dizer todo. Tempo esse que na juventude se tinha de sobra e se podia dedicar aos grandes amigos. Compreender as  limitações não significa que a amizade esfriou ou acabou, apenas a vida que mudou com suas prioridades. Mais cedo ou mais tarde se encontra um tempo e assim pode se viajar para “Águas de Lindóia”!
     Companhia de si mesmo. Talvez essa seja a grande lição. Quando se aprende a estar consigo mesmo em essência e em inteireza tudo se torna mais fácil. O outro vem apenas para complementar um espaço preenchido e não para completar um espaço vazio. Isso é vida plena!
     Cuidando do ser XXI. O contentamento para ser alcançado, penso, passa pelo caminho da aceitação (definitivamente algumas coisas não podem ser mudadas), pelo caminho da compreensão da vida (as vezes se colocar no lugar do outro faz toda a diferença) e pelo caminho da companhia de si mesmo (se encontrar é quase sempre muito difícil e trabalhoso; olhar verdadeiramente no espelho pode trazer algum espanto a alma, mas os resultados disso são inimagináveis). Longa é a estrada e cheia de perigos e de mistérios. Todavia, quem escolher trilhá-la irá encontrar, no mínimo, paz de espírito, e quem sabe no topo da montanha o contentamento, para não dizer a felicidade. Vamos caminhar!!!



Por Luciano de Paula. 07/04/12.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Cuidando do Ser XX - CARNE PODRE!

     Em um desses finais de semana recebi a visita de um casal de amigos. Conversa vai, conversa vem, decidimos sair para almoçar. Pedimos um delicioso contra filé que o garçom preparava na manteiga, ali, na hora, e já colocava em nosso prato. Só a lembrança dá “água na boca”. Foi um dia muito agradável.
     Ao final do dia seguinte, já cansado pela agitação do cotidiano, percebo em meu hálito um cheiro estranho, percebo o cheiro de carne podre. Instintivamente me vem a mente que não usei fio dental na noite anterior (quem nunca esqueceu...) corro para o banheiro. Estava lá a origem do cheiro de carne podre. Aquele bife, hora suculento, estava me fazendo passar mal com aquele cheiro. Nada que uma boa faxina dental não tenha resolvido. Uffa!!!
     Toda essa questão de “carne podre” me fez refletir sobre a podridão que pode está alojada em nossa alma, e que, diferente da carne no meu dente, não nos atentamos. Alguma coisa que pode ter sido boa e suculenta ontem (passado), talvez tenha que ser retirada de nossa alma hoje, pois está cheirando a podridão.
     O que hoje pode está te fazendo mal? O que está cheirando mal em sua alma? O que foi cheiroso ontem e hoje fede? Será que sua alma não esta precisando de uma faxina, no mínimo uma boa inspeção seria válido. O seu mundo interior é somente seu e somos responsáveis por aquilo que trazemos e permitimos estar dentro dele, como também somos responsáveis pela sua manutenção. Quem controla o seu mundo? Você? Por que não aproveitar o feriado para fazer-lhe uma boa faxina.
     Cuidando do Ser! Algumas respostas somente você tem para você mesmo. Um autoexame apenas cada um pode se fazer, por isso, autoexame! Antes que sua alma venha exalar cheiro de podridão, comece a retirar tudo aquilo que não presta. Veja e reveja o que é o melhor para você e jogue no lixo toda “carne podre”!



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CUIDANDO DO SER XIX - EMOÇÃO INCONSEQUENTE!

Inconseqüente. Algumas lições aprendemos apenas vivenciando-as. Aquela máxima dos sábios que dizem “aprender pela observação das experiências outras” parece não valer para algumas situações. Aconteceu comigo.
Um certo dia resolvi comprar uma moto. A Rê nunca foi muito a favor, mas de tanto eu insistir, compramos a moto e junto da mesma um boleto com 36 prestações. Andei cinqüenta kilômetros, fiz uma viagem até Resende e quase fui atropelado por um carro com minha esposa na garupa. Como se não bastasse fiquei sabendo do alto índice de roubo e furto de motos na cidade onde moro. Conclusão frustrante, moto na garagem sem eu usar, 36 prestações para eu pagar e uma rosto amarelo por não ter escutado a esposa(para dizer pouco).
Como se não bastasse em outro momento resolvi comprar um carro. Parece que diante da expectativa de comprar um automóvel a maioria dos homens perdem a razão. Pelo menos aconteceu comigo. Entretanto sempre admirei meu pai. Ele sempre se mostrou muito “cabeça fria” quando o assunto era carro. Em algum momento ele aprendeu a lidar com a razão, não se deixando dominar pela emoção.
Assim, por esses dias descobrir que tinha de trocar os pneus do carro. Fui todo faceiro em uma promoção do Carrefour. Cada um por 120,00, dizia o anuncio. Quando vou comparar a numeração, o que estava sendo vendido era o R13, e o meu era de aro maior, muito mais caro. No hora veio a lembrança do meu pai comprando os quatro pneus R13 e rindo a toa. Saí dali prometendo para mim mesmo que o primeiro item que iria observar antes de comprar um carro seria os pneus. Manter um carro custa caro, quem tem um sabe disso. Se a compra foi motivada pela emoção inconseqüente... quão caro sairá esse carro!
 Penso que meu próximo carro será uma compra mais racional do que emocional. Muita leitura, muita pesquisa, muita espera, pois um erro dessa ordem custa muito ao bolso! Os pneus insistem em me lembrar disso. Todavia nesse universo humano não sou o único a ter assumido posturas motivadas pela emoção. Acredito que muitas pessoas já erraram como eu. Alguns ao comprar  um carro, outros um celular, uma casa ou uma moto. Se for escrever sobre questões emocionais, não foram poucos os que inconseqüentemente erraram ao começar um namoro, um casamento, uma amizade. Atitudes inconseqüentes como ficar livre delas???
Cuidando do Ser! Voltar a trás em determinadas situações é impossível. Meu pai saiu no lucro, eu terei de gastar mais dinheiro com pneus. Mas vou repensar melhor as escolhas daqui para frente, mesmo que tenha que pensar em pneus, faz parte! Pense, repense, pense outra vez, volte a repensar antes de tomar determinadas atitudes seja de ordem material, financeira ou emocional, assim portas de uma atitude inconseqüente serão, certamente, fechadas. Não pretendo acertar sempre, mas pretendo abaixar em muito a minha margem de erro!!! Hoje essa é a minha busca existencial, qual é a sua?

Por Luciano de Paula.
09/02/2012.

Pedrão, o heroí da partida...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CUIDANDO DO SER XVIII - MESA.

Lugar sagrado. Acredito na existência de dois lugares extremamente sagrado nessa terra. O primeiro deles é a cama. Ali é o lugar onde me encontro comigo mesmo e com a pessoa que mais tenho intimidade nesse mundo, minha esposa. O outro lugar que considero sagrado é a mesa.
É impossível sentar – se a mesa com escafandro, armaduras, escudos e espadas empunhaladas. A mesa precisamos nos desarmar. Os pontos fracos são mostrados, as idéias são postas e discutidas, risos aparecem livremente e claro a comida vem rechear o encontro.
Aprendi o valor da mesa na casa do pr. Silvio e tia Marilza. Lá todo café das tardes de sexta feira era festa! Marquinho bagunceiro que só ele, falando alto e brincando; Moisés agarrando o Marcos, Matt preocupado se estava faltando alguma coisa, tia Marilza correndo “para lá e para cá”, para providenciar comida para os vorazes que acabara de chegar do seminário, Miriã não poucas vezes cedendo seu lugar para mim, estranho no pedaço e claro, pastor Silvio observando contente toda aquela “bagunça”. Que gostoso!
Tudo pronto, agora vamos agradecer a Deus. Dizia o pastor Silvio. O silêncio até então impossível passa a reinar naquele ambiente. Uma celebração de gratidão é oferecida a Deus e assim com o retorno de toda euforia todos participam do “café da tarde”. Que tempo bom, que dias maravilhosos e inesquecíveis. Isso para não falar dos almoços de domingo... Assim aprendi o valor da mesa. Aprendi  como é importante para a saúde da alma. Assim que me casei sempre fazia questão de levar pessoas para tomar café.   
Todavia a vida é sempre um aprendizado e hoje sei que não é toda pessoa que deve ser convidada para mesa. Decepcionei-me algumas vezes com certo desdém por parte de alguns, a indiferença por parte de outros e eu pateticamente achando que estava celebrando o “encontro a mesa”. Ledo engano!
Cuidando do Ser. A mesa não perdeu seu valor e jamais perderá. É, para mim, um lugar sagrado. Meus pastores me ensinaram isso. Hoje sou bem mais criterioso, somente me permito sentar a mesa com pessoas especiais. Não posso escolher as pessoas que andam ao redor, mas posso escolher quem chamo para sentar e compartilhar a vida. Cuidado com quem você tem se assentado a mesa. Seja criterioso. Sente – se com pessoas que verdadeiramente te dão valor e que verdadeiramente valorizam a profundidade daquele momento.  



domingo, 5 de fevereiro de 2012

CUIDANDO DO SER XVII - ABRAÇO


Qual o limite da amizade? Quando realmente duas almas se encontram? Quando realmente existe o amor fraterno entre duas pessoas? Qual é o real ponto de encontro, onde a superficialidade do agora perde para a permanência dos relacionamentos profundos?
         Para mim o coração é a fonte de onde emana a vida. Ele é quem a envia  para todo o corpo. Se ele não gera a vida, com certeza a mantém. Daí o poder do abraço.

Duas pessoas podem se beijar, se cumprimentar, sem ter nenhum vinculo de afeto, carinho ou consideração. Eu já vi pessoas se cumprimentarem e virar as costas e começar a falar mal uma da outra. Beijo como mero ato de educação e formalidade social que vem de uma cultura educacional de boas maneiras, mas o abraço...
        Você já abraçou alguém onde conseguiu sentir o bater do coração do outro? Para mim, é nesse momento, que duas almas se encontram. Ali há uma celebração da vida, da amizade. Tenho em minha memória alguns abraços ontológicos. Toda vez que os relembro o meu coração dá uma descompassada. Eles são tão vivos como se tivessem acabado de acontecer.

Como é gostoso sentir o coração do outro! Como é gostoso ultrapassar todas as barreiras e poder se achegar o mais perto possível da fonte de vida de quem você quer bem e permitir que o outro se achegue. Ali, para mim, se manifesta o verdadeiro encontro humano – afetivo.
          Hoje a minha esposa supre o abraço(ausente) dos meus grandes amigos, todavia sempre que os encontro procuro deixar de lado o protocolo do comprimento social e trocá-lo por um gostoso abraço. Por um abraço do coração!

Cuidando do ser! Não sou contra o beijo social, mas um abraço gostoso em um grande amigo(a) quem o substituirá? Se você tem um porto onde sua alma possa atracar por alguns instantes, porque se furtar desse momento? Um beijo pode ser superficial, mas um abraço de coração, para mim, jamais o será. Eles são poucos, é fato, mas sempre cheios de vida, ternura, saudade, carinho, amor, completude, alegria, cumplicidade e verdade. Quando abraço meus amigos sinto que eles estão bem vivos, não somente no mundo exterior, mas principalmente no universo interior da minha alma. Se você chegou até aqui, e se você tem a oportunidade, não se negue, hoje, a dar um forte abraço, um “abraço do coração” em uma pessoa que mora dentro dele!
Por Luciano de Paula.
05/02/2012.




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

CUIDANDO DO SER XVI - TRIBUTO A FELICIDADE.

     Essa semana não tenho conseguido dormir direito por dois dias consecutivos. Para uma pessoa que caí na cama e dorme feito pedra, alguma coisa esta fora do lugar.
     É o casamento de minha irmã se aproximando, será no próximo sábado. Estou meio ansioso, meio tenso, meio enciumado. É minha única irmã, agora ela será "senhora Karen".
     Gostaria de torná-la um pouco mais conhecida. A Karen desde cedo se mostrou uma pessoa muito especial. Meu pai viveu um momento difícil de transição e nessa hora quem sempre esteve ao lado dele? Karen. Como uma garotinha poderia ser a representação de uma fortaleza tão inabalável? Onde estava meu pai estava a Karen. Inseparáveis! Ah sim, sem muitos interesses, pois o carro ainda não tinha chegado e a grana era meio curta! Mas ela sempre esteve lá, sempre acreditou, fiel ao seu pai, fiel até o fim! Obrigado por isso KK, diria o meu pai certamente.
     Como se não bastasse parece que ela herdou a meiguice e a simpatia da minhã mãe e a inteligência e a tenacidade do meu pai. Passou para a universidade federal, meu pai todo bobo, contou como ela se formou com louvor na apresentação da monografia, isso aconteceu a poucos dias. Disse ele: -  parecia uma apresentação de doutorado. Se não fosse as palavras da professora diria que ele estava contaminado pela emoção, mas conhecendo a KK, certamente o nível foi esse. Parabéns Linda!
     Como se ainda não bastasse, na semana do casamento meu pai me falou que a KK fora efetivada definitivamente como gerente comercial da empresa em que trabalha. É muita emoção! É muita vitória! É muita adrenalina! Por isso, um tributo a ela, a felicidade.
     Não vejo a hora de ir a Resende e dá-lhe um abraço gostoso. E dizer o quanto estou emocionado e feliz por ter a irmã que tenho. E de quebra ganharei um irmão que não tive. Seja muito bem vindo Adair, seja bem vindo em meu coração. E obrigado por estares cuidando da minha irmazinha.
     Cuidando do ser. O momento é de júbilo, alegria, triunfo e felicidade. É o casamento de minha irmã, é o seu momento, e estou aqui para contar essa história. Se você têm motivos, e acredito que tenha, faça um tributo também a felicidade, ela merece!
      A você kk. Toda felicidade do mundo. Seja muito, muito, muito feliz...você merece! Com Carinho, seu irmão Luciano. TE AMO!
por Luciano de Paula. 25/01/2012





    

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

CUIDANDO DO SER XV - CELEBRAÇÃO DA VIDA

    

     Janeiro é o mês do meu aniversário. Ao contrário de muitas pessoas, não gosto muito de bolo, festa, cânticos de parabéns; me sinto tímido diante de certas situações, porém reconheço que as vezes, ainda que eu quisesse, é difícil evitar. Sou dado a uma comemoração mais intimista. E foi isso que aconteceu no ultimo sábado.
     Contra todas as previsões sobre sol apresentadas pelo noticiáiro e internet, o sábado não poderia ter sido mais ensolarado. Assim fomos comemorar meu aniversário em um parque aquático aqui no Rio. Eu, a Rê e um casal de amigos.
     Naquele lugar parece que o tempo para. Ali tenho a percepção de não existir minuto, horas, dias e anos. Você vê um senhor com os seus cinquenta se preparando para descer em um tobogâ que uma criança de 12 anos acabara de usufluir. Ali, pelo menos para mim, parece que todos têm 15 anos de idade. É fato, alguns demoram um pouco mais para chegar no alto do brinquedo, mas ninguém deixa de se divertir.
     Esse é o segundo ano que comemoramos ali o meu aniversário. Espero que nos próximos trinta que virão eu possa voltar lá, ou em um lugar parecido.
     Pessoalmente o aniversário é uma ocasião para se celebrar a vida. Parece que encontrei o  meu lugar ideal. A Rê já não precisa me perguntar mais onde gostaria de celebrar minha existência humana.
     E você! Onde e como tens celebrado a sua vida? Do seu jeito, no seu lugar, do seu modo, apenas não deixe de celebrá-la. Por que "a vida é agora" e temos apenas uma!

Por LUCIANO DE PAULA. 10/01/12 





segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

CUIDANDO DO SER XIV - EXERCÍCIO MENTAL

EXERCÍCIO MENTAL
De vez em quando me encontro levantando um peso de 10 kilos que tenho aqui em casa. Em outros momentos me pergunto:  - Que sentido tem esse exercício? Chego a conclusão de que faz bem, pois, logo após três séries me sinto melhor. Isto se deve a alguma coisa relacionada a adrenalina que é liberado no organismo.
Tenho descoberto um novo tipo de exercício, o exercício mental. Trata-se do fato de se programar mentalmente sobre em que direção você permitirá que os seus pensamentos caminhem.
Depois dos trinta anos, pelo menos no meu caso, você começa a ver a vida sob novas perspectivas. Você percebe que existem pessoas que o farão muito felizes e outras nem tanto. Você começa a perceber que no universo das relações sociais há sentimentos como amor, indiferença, confiança, traição, alegria, tristeza, perdão, ausência de perdão, sinceridade, falsidade, presença e ausência; para citar somente alguns...
Diante de tantos sentimentos e do desafio de cuidar do ser, penso na necessidade urgente de um exercício mental extremamente rigoroso. Para ser feliz preciso escolher quais lembranças quero guardar e levar em meu coração. Preciso decidir por mim mesmo quais sentimentos devem abarcar meu ser. Assim preciso me exercitar mentalmente, preciso escolher deliberadamente.
Decidi então levar comigo o sorriso alegre, a brincadeira sadia, o abraço gostoso, o olhar verdadeiro, o conselho sincero, a mão estendida e as vitórias alcançadas.
          Milhares de outros relacionamentos virão ao longo dos próximos 30 anos, e quero me permitir aprender agora a como lidar com cada um deles, e mesmo quando falhar quero guardar o que de bom, e somente o que de bom me foi acrescentado. Minha felicidade depende disso. Penso, o que passou; passou!

          Como não poderia ser diferente, se você chegou até aqui, gostaria de lhe convidar a uma inspeção no tipo de bagagem relacional que você tem trazido. Traga os bons sentimentos e as boas lembranças; pois são essas que alegram a alma e trazem contentamento ao coração. E, nunca deixe de se exercitar, mesmo que seja mentalmente.
                                                 Por Luciano de Paula. 09/01/12.