quinta-feira, 3 de outubro de 2013

CUIDANDO DO SER XXX - "Fernando Alonso!!!"


Gosto de dirigir. Gosto muito de dirigir! Também gosto do meu carro. Em um desses dias, entrei no carro, precisava cumprir um compromisso; olhei para o portão da garagem, quatro dedos para cada lado mais o espaço do carro para passar. Disse para mim mesmo: “Para entrar e sair dessa garagem tem que ter a perícia de Fernando Alonso”. A situação é tão estreita que não deixo minha esposa tirar ou pôr o carro na garagem.

Fui realizar minha tarefa. Retornando para casa, marcha à ré engatada, carro quase todo dentro da garagem... uma distração de segundos e,....crash!!! Carro raspado na coluna. Perdi o foco por um segundo e fui dormir uma noite desagradável e desapontadora. “Fernando Alonso” estava alquebrado. Estava mais para “Rubens Barrichelo”!

Prejuízo: 720,00 para retocar uma pintura relativa a quatro dedos de tamanho, na Ford. Se já estava alquebrado na noite anterior, nessa manhã estava “moído”. Contudo, Deus é tão bom que um amigo me indicou um pintor que trabalhou cinco anos em uma concessionária e resolveu o meu problema, por cem reais... A alegria voltou a brilhar em meu rosto, mas aquele segundo de distração me custou muito caro.


Cuidando do Ser. Cuidado, as luzes da ribalta podem estar clamando por sua atenção! Cuidado, um impulso de um segundo pode colocar tudo a perder! Cuidado, ao “olhar para o lado” você poderá ter um prejuízo muito grande, por se demover de seus princípios e foco. Uma distração me custou um dia de grande transtorno e o risco de perder um dinheiro alto. As distrações estão aí, não perca o seu foco, pintar o carro, pagar juros altíssimos, perder um bom amigo, “perder” os filhos ou até mesmo o casamento por uma distração não vale a pena!  Cuidado ao olhar para o “lado”, não perca o seu foco!!! Existem coisas nesta vida que são passíveis de concerto, leia-se a pintura de um carro. Entretanto, outras, uma vez danificadas ou destruídas jamais serão restauradas. Não se distraia, não “olhe para o lado”, não perca sua meta. Cuide para onde seus olhos estão se direcionando. Ahh... e coloque perfeitamente seu carro na garagem, não como “ Fernando Alonso”, mas como você mesmo,  faz muito bem!!!
Por Luciano de Paula.
03/10/2013.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Cuidando do Ser XXIX - POSSIBILIDADES!


A situação se tornou insustentável. A angustia, o aperto e o incomodo tomavam conta desse relacionamento. Todas as noites, quando me deitava, assim que o sangue do corpo começava a esfriar, um desconforto enorme  iniciava. Era o dente do siso, nascendo depois dos meus trinta anos. Não havia espaço para ele em minha gengiva.  Agonia e aperto eram as palavras de ordem nas minhas noites mal dormidas.

Fui ao dentista. Ao perceber a situação, disse, imparcialmente: "Têm que extrair".  A anestesia foi aplicada e depois de certo esforço, estava o grande dente em minhas mãos.

O dentista disse que se dependesse dos meus dentes para trabalhar, ele iria a falência. Gosto dos meus dentes. Procuro cuidar deles. Fiquei triste ao ter de me separar do meu siso. "Por quê?, me interroguei. Não encontrei respostas, nem culpados, apenas encontrei a separação silenciosa e não menos traumática.

Quando penso em algumas relações humanas, posso compará-las a minha situação com o dente. Alguns relacionamentos simplesmente acabam! A vida simples, inevitavelmente assume rumos diferentes. Não há espaços para culpados, pois eles não existem. A  conexão se vai,  tal qual a “internet discada que caiu”!!! E por mais difícil que pareça tudo isso, deve ser aceito, pensado, elaborado e reelaborado como parte do processo contínuo de construção da vida...


     Cuidando do Ser. Foi muito, muito difícil aceitar a perda do meu dente. Hoje, fica a lembrança deixada, o espaço ainda plenamente não preenchido, mas sei que sua permanência em meu mundo, em meu corpo era improvável, entretanto, com o tempo; e pensando bem, foi o melhor. 
 Assim, mesmo que pareça incompreensível, injusto, mesmo que pareça loucura, aceite algumas perdas. Já sei bem que aceitando ou não, elas acontecerão e sem que haja culpados, nem justificavas. Então porque não assumir esse espaço? Porque não assumir esse vácuo deixado como possibilidade de novas experiências, de novos encontros, de novas oportunidades, de novas pessoas, de novas coisas, de novas emoções e percepções? Hoje, a perda pode ser vista como uma nova oportunidade de realocar os espaços, arrumar o interior e se reinventar para novas possibilidades. Assim, posso dizer, por vivência e por conhecimento de causa...: Algumas perdas (ainda que sentidas e traumáticas) são boas e reestruturantes... necessárias, ainda que nunca plenamente entendidas.


Por   Luciano de Paula. 
13/05/2013.