domingo, 28 de maio de 2017

CUIDANDO DO SER XIX - MORTE


     Você já sentiu a presença da morte? Por três, vezes senti o frio de sua presença. A primeira delas foi quando estava à frente de uma Instituição. Depois de ter acontecido um roubo, os rapazes que ali estavam, resolveram bancar uma de detetives. Descobriram o provável ladrão. E por conta disso, houve uma série de situações. A pessoa acusada do roubo resolveu ir até aquela Instituição. Era domingo à noite. Eu estava fazendo alguma coisa e alguém chegou e sussurrou ao meu ouvido: “Há uma pessoa lá fora e disse que veio pra te matar!” O resto é história e estou, ainda, vivo, aqui!
     O meu segundo flerte com a morte foi em um assalto. Eram 6h30 da manhã e, ao passar por um quebra-molas, vejo, adiante, uma pistola nove milímetros apontada em minha direção. Eram dois assaltantes fortemente armados. Pediram para eu descer e ficar de costas. Sentia os dedos frios da "morte" acariciando meu pescoço. Todavia, preferi não me virar, pois se era para encarar a morte, representada por uma pistola, então "tombaria" de peito aberto. Olhos nos olhos. Eu e a morte. Ainda não foi dessa vez! Ainda estou aqui para contar a história e recuperei o carro.
     O terceiro encontro mortal foi na autoestrada a 110 km por hora. Deparei-me com uma pedra do tamanho de uma bola de futebol de salão. A única coisa que vi foi essa pedra rolando pela estrada. Bateu no muro de proteção e veio em minha direção. Essa, voando a 1 metro e 20 centímetros do chão, escolhe colidir exatamente na coluna lateral do carro. Dez centímetros para direita ou para esquerda e eu não estaria aqui para relatar o fato. Pelo amassado da coluna do carro, essa pedra, se batesse no para-brisa ou na janela lateral, teria invadido o carro, me acertado e eu não estaria aqui, agora, para contar esta ou outra história. A morte tem-me "paquerado", todavia tenho procurado resistir aos seus "encantos". Amo a vida. Estou em um relacionamento sério de amor com a vida.
     Assim, depois de um tempo, nessas últimas duas semanas tenho me sentido muito sensível, bem à flor da pele. Tenho me permitido pensar e repensar profundamente a vida. O que é importante? Onde vale a pena gastar energia? Quem eu amo de verdade? O que é amar alguém "de verdade"? No ato de “re-elaborar” a morte, tenho me reencontrado com a vida. Três foram as oportunidades de viver e reviver. E venho aqui me repaginar e me reconstruir. Venho aqui te incentivar a prosseguir e viver. Venho aqui dizer que, não sei quantas vidas ainda temos, mas podemos usar essa vida para: 1) amar mais e incondicionalmente, 2) se importar mais, 3) perdoar mais, 4) valorizar mais e 5) acolher mais... Aproveite o aroma do café sobre a "pedra", aproveite o calor do sol em seu corpo, viva intensamente os encontros e desencontros da vida. Ame mais uma vez e de novo ... ame outra vez...seja grato...viva quantas forem as oportunidades que lhe forem dadas!
     A morte já me desejou. Um dia ela me terá. Entretanto, por agora, estou desejando a vida. Quero viver. Quero me desafiar a novos horizontes, novas expectativas, novas buscas, novas leituras. Quero preencher minha vida de alegria, quero cantar outras músicas, sentir outras sensações, respirar outros ares. Por essas e outras, a vida vem me lembrar: ainda há um mundo de possibilidades a ser vivido...e não posso me olvidar....
     CUIDANDO DO SER. Quantas vidas você já viveu? Quantos "escapes" você já teve? Vamos em frente...sejamos gratos ao tempo que se chama hoje. Aproveitemos o tempo que ainda nos resta. "Amanhã", certamente, não estaremos aqui para contar a história, mas aqueles que fizerem em nosso lugar, que possam dizer: “conheci essa pessoa e ela viveu uma vida boa, de intensidades, potências, gratidão e amor”!
     Entregue se hoje, viva hoje, ame hoje ... Amanhã? "Amanhã não se sabe, vivo agora, antes que o dia acabe", diria o poeta popular. 
     Cuide se!


Por Luciano de Paula
28/05/2017.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

CUIDANDO DO SER XXXVIII - Personas!

                Já estive em "Marte". Já me senti "marciano". As primeiras vezes em que  estive em "Marte" deve ter sido há pouco mais de duas décadas. Todo fim de tarde, subia no telhado da casa da minha avó. A casa era no alto de um morro e a vista era cinematográfica. Dava para ver o Vale do Paraíba se perdendo nas colinas à esquerda e à minha frente o exuberante "Pico das Agulhas Negras". Ali eu passava os meus fins de tarde comigo mesmo. Não era estudante, não era neto, não era filho, não era nada. Era eu mesmo.
                Os anos se passaram... e me esqueci das viagens marcianas e dos encontros ontológicos comigo mesmo, naquelas tardes solitárias. Todavia, Jung, que parece ser de Marte, me fez perceber e conhecer o conceito de "persona" e "individuação". Uau!!! Depois de tanto tempo, voltaria eu a Marte?
Em outras, palavras ele diz: somente seremos pessoas psicologicamente maduras se tivermos coragem, estrutura, ousadia e força para tirarmos nossas personas, nossas máscaras. E assim, entrar em contato com nossa essência, nossa individuação.
                Por isso, Marte! Um lugar de paz, isolamento, um certo calor, ausência de julgamentos, ausência de cobranças, uma grande dose de acolhimento e, claro, tempo, muito tempo! Cada um deveria gastar tempo e procurar saber a quantidade de máscaras e papéis que interpreta e repensar esses papéis.  Citarei alguns possíveis: esposo(a), pai, mãe,  funcionário(a), empresário (a), cidadão, colega, amigo(a), atleta, religioso(a), filho(a), pai/mãe  de família,  provedor (a), motorista, alguém que fica doente, alguém feliz, alguém triste, alguém que ganha, alguém que perde, alguém que sofre,  alguém otimista, que deseja dias melhores... ufa!!! São  muitas personas para uma pessoa só, para não citar outras dezenas...
                Todavia,  existe o perigo de tanto usar uma "máscara" ou uma série delas que perdemos quem somos....não somos os papéis que interpretamos, não  somos as personas que a vida trouxe, somos muito mais que isso...Entretanto, tirar máscaras dói! Acostumamo-nos com elas. Tirar máscaras dá trabalho, parece que algumas  delas enraizaram em nossas faces. Tirar máscaras revela quem somos, isso assusta, causa medo!
                CUIDANDO DO SER! Por mais doído que seja, por mais trabalhoso que pareça, por mais revelador que é, vale a pena. Você é muito mais do que pensa... vale a pena entrar em contato com sua essência... vale a pena se desvestir de toda essa indumentária.... aí dentro têm a algo muito maior, muito mais puro, muito mais nobre, muito mais rico. Que as máscaras da vida  não sejam barreiras intransponíveis que nos impeçam de saber quem, de fato, somos... têm muita coisa boa aí dentro!
Assim, encontre um lugar que possa chamar de "Marte". Encontre um lugar em que o medo de você mesmo fique da porta para fora, encontre um lugar em que você seja amado não pelas máscaras e papéis que o fazem, mas que seja amado(a) pelo o que você é...com tudo de bom e ruim que compõe seu ser.... esse lugar existe...eu encontrei... eu o reencontrei, o meu se chama Marte! Encontre o seu...!

Por Luciano de Paula
20/06/2016.

sábado, 7 de maio de 2016

CUIDANDO DO SER XXVII - LUZ E SOMBRAS

LUZ E SOMBRAS!!!

       Nos últimos 40 dias tenho estudado a Psicologia Analítica de Jung. Confesso que gosto muito de Freud, todavia Jung tem me impressionado com sua "pena". Entre seus conceitos analíticos, ele trabalha o conceito de "SOMBRA", como se existissem, na personalidade humana, lugares sombrios e faz-se necessário ter coragem e disposição  para lidar com esse lado obscuro de si mesmo. Entretanto, pontua Jung, o caminho para a autopercepção e maturidade passa por esse lugar sombrio.
       Assim, fui atrás das minhas sombras. Como uma casa com cômodos ainda fechados e bem escuros fui atrás de iluminar e dar conta das minhas feras. Confesso, me sinto um tanto arranhado pelas batalhas campais que travei, ferido pelas três  feras que encontrei nessas minhas sombras, mas ainda estou aqui para contar a história.
       Armado até os dentes, vamos em direção a esse primeiro lugar escuro. Diante de mim, uma das feras mais terríveis e implacáveis que já vi em toda a minha vida: ILUSÃO DE PERTENCIMENTO era o seu nome. Essa tem o poder de fazer as pessoas sofrerem por fazê-las acreditar que têm alguma coisa na vida ou possuem algo ou alguém para  sempre. Quer nos fazer acreditar na ilusão de que possuímos algo. Muitos passarão a vida iludidos e hipnotizados por essa fera. Mas nessa noite não! Não no meu interior. Aqui os  seus dias acabaram.... Foi atroz admitir a realidade: o que tenho mesmo é apenas a minha vida que, pensando  bem, nem é tão minha, todo o resto é relativo e a qualquer momento pode me ser tirado por mim mesmo, pela vida e pelo imponderável. Então, prefiro pensar que o que tenho de absoluto é o agora, é o conjunto de "atores" e personas que o compõem. Apegar-se à ideia de possessão  ou pertencimento é se deixar hipnotizar por essa  grande fera, não conseguiria viver sob hipnose. Assim, vivo o presente, celebro o presente como uma dádiva e procuro amar as pessoas que fazem parte dele. “E com uma “bala de prata” em direção ao coração desta fera, declaro: “o passado é história,  o futuro é mistério, hoje é dádiva, por isso se chama PRESENTE”. Assim, o chão treme com a queda dessa grande fera, aqui ela não mais dominará  ou hipnotizará. Olho para mim, vejo- me ferido e cansado, não  foi uma batalha fácil admitir para mim mesmo que vim sozinho e vou sozinho desse mundo. Vamos em frente,  ainda não cheguei à metade dessa guerra.
       Em outro lugar escuro, encontrei a mais temível  fera que já conheci. Já tinha ouvido falar dela, sempre evitei o contato direto, mas o momento chegou, estava ali para isso. Grande, feroz, apavorante, assustadora e imortal: A SOLIDÃO. Descobri que ela é indestrutível, acompanha todos os seres humanos. Em algum momento você  fica frente a frente com ela e sozinho.  Tenho estudado essa fera há anos e descobri que uma fera indestrutível  pode  ser apenas domesticada. Assim foi feito! Desisti de destruí-la.  Preferi domesticá-la e agora convivemos, ela me obedece  e não sou dominado por ela, sei como domá-la,  sei como conviver com ela  e, posso  dizer, me faz um grande bem sua presença. Mas, sim,  ela deixou suas marcas em mim. Descobri que se você não enfrentá-la e domá-la, ela tem o poder de sugar suas energias e te deprimir. Tentar destruí-la é perda de tempo, pensar que ela não existe, é dar-lhe poder, então domestique -a. Existem muitas formas e técnicas de domá-la, busque uma que lhe seja possível e aplique, mas lembre-se: qualquer contato com essa fera é altamente perigoso. Cuidado!
       Precisei de uns dias para recobrar as forças. Faltava ainda um lugar escuro,  uma fera sutil e perigosa. Nas mãos dela já sofri bastante. Ele tem o poder de trazer o passado à tona com uma dose venenosa  de saudosismo. Aperta o coração, machuca a alma. SAUDADE é o seu nome. Fui buscar ajuda de outros guerreiros. Eles me disseram: “faça dela sua amiga. Ela tentará te mostrar a falta que se tem, mas é só um truque, é uma batalha na mente. Veja pela ótica dos momentos felizes que você viveu e que a vida e a felicidade é a composição  de tantos quantos momentos felizes você  pode ter em detrimento dos tristes”. Então, ao olhar para trás, com alegria, contentamento, gratidão e graça, aquela  fera se desfez e se tornou como um beija-flor que conheço e que aparece de vez em quando, me trazendo boas lembranças.
       Uau!. Que "guerra", que "viagem". Mas onde havia escuridão, há luz. Em algum momento  outras feras podem aparecer, mas ter vencido essas me traz coragem para continuar a vasculhar esse mundo interno  de luz e sombras.
       Cuidando do ser. Para Jung você somente será pleno quando encarar  suas sombras e dominá-las e não mais se permitir ser dominado por elas. Reúna forças, prepare um forte arsenal, peça ajuda, mas viva uma vida onde haja, no seu interior, apenas Luz e não Sombras. E eu estou aqui com minhas vitórias e cicatrizes e declaro: foi ótimo guerrear minhas guerras. Se algum dia precisar de ajuda, não  é difícil me encontrar. E quem sabe guerrearemos juntos. Cuide-se! Cuide de suas sombras.




Por Luciano de Paula
07/05/2016.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

CUIDANDO DO SER - XXXVI : BEIJA - FLOR. UMA RELAÇÃO DE INTIMIDADE!

      Uma das coisas mais gostosas da vida é uma relação de intimidade. Geralmente, essa relação vem acompanhada de completude, verdade, integridade, simplicidade, satisfação, desejo de estar junto e, para mim, ao final de tudo, um bom café...
Mas tive algumas relações de intimidade emblemáticas. A primeira dessas foi com uma ovelha. Eu tinha cerca de nove anos de idade e a cerca da casa dos meus pais dava para um pasto bem grande onde se criavam ovelhas. Quase todas as manhãs, essa que chamarei de Bella, vinha até a cerca para receber carinho e me deixar alisar sua lã branca e macia. Para Bella, sempre tinha um pedaço de pão e muito carinho. E, ao que parece, Bella gostava de ficar ali comigo, até a hora de ser chamada para o aprisco, pelo pastor.
            Outra relação muito íntima foi com Bob, um pastor alemão que chegou em casa ainda filhote. Ainda nesse descampado onde Bella pastava, certa feita, fui brincar com Joãozinho, aquilo de escorregar na grama morro abaixo. Bob achou que meu colega estava brigando comigo. Não sei como, soltou-se de sua corrente e foi ate lá me proteger. Mordeu Joãozinho e ficou em cima dele rosnando ate que o Tio Denilson chegou lá e tirou a "fera" de cima daquela criança.
            Sentia-me íntimo de "Bella" pelo carinho e pelo tempo que passávamos juntos, sentia-me íntimo de "Bob", pelo sentimento de proteção e segurança que ele me passava. Gastava bastante tempo brincando com meu amigo protetor-fiel. Como tenho saudades daquela "fera" ! Sempre que estava perto dele, sentia-me muito protegido. E muito importante. Que gostoso!
            Por esses dias, uma nova relação de intimidade tem surgido. Em minhas manhãs de café solitário, tenho sido "visitado" por um gentil beija-flor. Sempre à hora do meu café é a mesma em que ele procura se alimentar das flores do pé de mamão.
            Ele fica ali, pelo tempo que julga necessário e eu fico me inebriando com sua companhia furtiva. Fico me deliciando com essa relação, essa tentativa de intimidade, tal qual a Bella e o Bob. Mas se quero relacionar-me com um beija-flor, preciso entendê-lo e entrar em seu mundo. Então, em minhas manhãs, comecei a percebê-lo. E, como uma música, fui atrás das notas que compõem sua "personalidade".
            Assim, primeiramente percebi que o beija-flor tem, em sua essência, a LIBERDADE. Você não o prende. Você dá motivos para que ele volte. Ele escolhe seu caminho e como irá trilhá-lo. Ele decide se parará no ar, ou se voará para trás ou de "cabeça para baixo". Fico observando como se move pela vida de "queixo caído". Ele é o único pássaro que tem esse poder de decisão. Ele vai na "contramão" de todos. Por ser um pássaro tão livre e tão autônomo, a mim, resta-me apenas colocar uma daquelas garrafinhas de água com açúcar e torcer para que ele, em sua liberdade, volte.
            Igualmente, percebi o quão furtivo é o beija-flor. Você o observa, e em fração de segundos, ele já não está mais. Você se distrai e, novamente, ele está ali, com sua beleza exuberante. Ele, como os outros pássaros, não deve ser preso. A prisão para um beija-flor é sinônimo de morte. Prendê-lo é despersonalizá-lo. Ele vem e passa silenciosa, exuberante e rapidamente. E, se quero perceber, registrar e captar sua beleza, preciso apurar meus poderes de percepção. Pois um beija-flor não se conhece, ele se dá a conhecer. E eu? Eu estou tentando perceber o meu amigo visitante, estou tentando registrá-lo, estou tentando captá-lo. E é sempre uma tentativa, mas uma tentativa inebriante.
            Cuidando do ser. Esse é um lugar de percepções. Esse é um lugar de  elaboração da vida. Esse é um lugar de buscar a essência da motivação. Assim, o que me atrai em um pequeno beija-flor? Primeiro, a sua beleza, tão simples ao mesmo tempo tão magnânima. Segundo, sou atraído por seu mistério. O meu beija-flor, mesmo solitário, parece, pelo seu jogo de "luz e cores", transmitir a mim mesmo um ser cheio de alegria, diversão e felicidade. Se é que isso é possível a um pássaro! Por fim, gostaria de me relacionar profundamente com esse pássaro, mas nessa vida algumas coisas são mesmo imponderáveis. Então aceito, aceito o que tenho, o que ele me concede: manhãs encantadas, que abrilhantam meu café pela sua presença livre, furtiva, inebriante e não menos bela. E sei o que dou nessa relação: um lugar para ele saciar sua sede. Pois carinho como a Bella e o Bob tinham, parece ser uma possibilidade impossível para um beija-flor. Finalmente, no que depender de mim, ele terá todos os motivos para voltar, voltar sempre!
            Faça isso! Dê a quem você ama motivos, muitos motivos para que este(a) sempre volte e queira voltar! Isso fará toda diferença em sua vida.

            E, meu beija flor, por favor, mesmo com essa relação complicada, venha, venha novamente me "ver", pois estou aqui te esperando, com uma xícara de café.


Se eu conseguisse captura -lo em uma foto ele seria mais ou menos assim! Mas ao vivo é muito mais BONITO!

Por Luciano de Paula.
20/02/2016

domingo, 31 de janeiro de 2016

CUIDANDO DO SER XXXV – Tributo ao amor total!


Sou incrédulo. Tenho dificuldades em acreditar no amor. Sempre duvido quando alguém diz que me ama. Quem conhece um pouco minha história, poderá perceber os meus motivos. Mas, em especial, nessa semana, tive de repensar o que é o amor. O que é amar alguém? Afinal, tenho ao meu lado, já há doze anos, uma pessoa, insistindo em dizer que me ama. Então, em nome desse amor, um tributo ao “amor total”, em sua homenagem, Regiane de Andrade!
Começando de forma profunda e decisiva, é importante dizer que tudo nesta vida é relativo. Tudo passa. Tudo acaba. Tudo, um dia, chega ao final. A ideia de permanência é uma “fuga” da alma humana. Nada aqui é permanente. Nada aqui é para sempre. Nesse lugar, a única certeza concreta que temos é de que um dia iremos morrer. Então, como atuar o amor nesse cenário de impermanência? Como provar para ela, que, do meu jeito, da minha maneira, a amo, sem “jogar” palavras ao vento? Pedi ajuda a uma ave conhecida minha, o falcão, e ele certamente me ajudou.
Em primeiro lugar, o falcão tem como característica construir seu ninho em lugares muito elevados, de difícil acesso, quase sempre no alto das montanhas. Ele e sua família gostam de muita privacidade e intimidade. Gostam de estar na vida, de ver gente, de conversar, encontrar e se deixar ser encontrado, mas o segredo está no final do dia, quando as “luzes” se apagam e, solitário, voa em direção ao seu ninho, a sua casa, ao seu lar. Então, depois disto, é importante dizer, Regiane de Andrade, que nesses doze anos, sempre, depois de “grandes viagens” e “intermináveis encontros”, sempre desejei e voltei para casa, e isso é um plano para os próximos doze anos e muito mais. Quando, ao fim do dia, mesmo sem palavras, estou ao seu lado, seja na mesa ou na cama, estou dizendo te amo, ainda e sempre.
Em segundo lugar, o “Falco Peregrinus”, tem olhos grandes. Conseguem enxergar a quilômetros de distância. Assim, preciso novamente te dizer que te amo, pois te vejo. Amo-te, pois vejo o que você não vê e te protejo. Amo-te, pois, continuo vendo aquela menina bonita, de 18 anos, que se transformou em uma mulher linda, agora, bem sucedida, inteligente, independente, realizada, destemida e, claro, às vezes, incongruente. Amo-te, pois de onde vejo, vejo você mais e melhor, crescendo, se superando e avançando. Suscitando suspiro, admiração e sentimentos do tipo: “nossa, como ela é linda!”, “nossa, como ela consegue!”,     “nossa, queria ser como ela!”, “ela é um referencial” e “queria ser amiga(o) dela”, mas isso é para poucos. Suportar tamanha grandeza e amar-te é para poucos. Por isso, tenho certeza, te amo, pois suporto o quão grande você é, e desejo e incentivo, que sejas maior e muito mais excelente. Ainda serás muito grande....
Por fim, os grandes falcões têm ouvidos apuradíssimos. Ouvem o que poucos conseguem ouvir. Sei que te amo, pois ouço sua alma, ouço seu suspiro, decifro cada palavra dita nas entrelinhas do não dito. Ouço seu coração, ouço suas angústias e medos, mesmo quando não verbalizados. Ouço a poesia que sai pelos seus poros, ouço seus sonhos e devaneios e continuo desejando e lutando para que cada um deles se cumpra. Por isso, ainda vamos, em Maragogi, tomar banho de mar! Amo-te Regiane de Andrade, ainda e sempre!

Cuidando do ser! Se você ama alguém, se a vida lhe deu alguém para amar lhe aconselho, dê a ela (e) a segurança de que não importa o que aconteça, no final do dia vocês estarão juntos. Se você realmente ama alguém, procure vê-la, “visão acima da visibilidade”, enxergue sua alma, veja sua “beleza”, enalteça suas qualidades. Veja o que apenas pode ser visto pelos “olhos” do amor. Ouça. Ouça o que sai da profundeza da sua alma. Ouça os desejos mais profundos do seu coração, ouça seus sonhos mais íntimos e trabalhe com todas as forças para realizá-los. Então, quando ela se sentir plenamente e verdadeiramente amada por você, ela terá um, e somente um desejo: devolver todo esse amor, potencializado e recheado de afeto, carinho, respeito e desejo. Por isso tenho que dizer, mais uma vez e de novo, sou rico, me sinto rico. E, Regiane de  Andrade, te amo, ainda e sempre!


Por Luciano de Paula 
31/01/2016.

CUIDANDO DO SER XXXIV - Ponto de Ruptura!


Em algum momento o passado te visitará. Em algum momento o futuro lhe convidará. Nesse instante você será incitado a escolher ficar preso às alegrias e tristezas do passado, ou se aventurar pelos mistérios, desafios e perigos que o futuro lhe propõe.
Hoje não estava bem, vi um filme que mexeu com minhas emoções e que falava sobre a brevidade da vida. Comecei a fazer contas. Hoje tenho trinta e cinto, se viver até os setenta anos, preciso me preparar  bem para as próximas três décadas.
Por onde começar? Comecei criando “caos”. Revirei todas as caixas antigas que estavam guardadas. Joguei fora papeis de décadas passadas, isso mesmo, décadas. Joguei fora livros e folhas que jamais perderei um minuto do meu tempo para ler. Joguei fora sonhos e projetos antigos. Joguei fora saudades!  Na mesma proporção revirei todas as caixas antigas dentro do meu coração. As caixas que somente estavam ocupando espaço, joguei fora. Confesso, estou bem mais leve.... uma sensação de “espaço novo” esperando ser preenchido por “coisas novas”. Para um inicio de ano novo, isso parece muito bom!
Bom, resolvido o problema do espaço. Fui agora em direção à qualidade de vida! Quero chegar aos setenta bem inteiro. Assim, já resolvi meu problema com o refrigerante, estou resolvendo meu problema com o suco de caixa e com o ultimo vilão a ser batido, o açúcar, que “mela” meu café. Esse desafio será épico e  muito cruel, mas tenho uma meta, quero mais e melhor para meus próximos trinta anos, então já decidi, vencerei! E claro, na medida do possível, tentarei manter a forma. Igualmente, estou evitando ingerir pensamentos, sentimentos e conversas que me farão mal, tal qual o açúcar. Desejo para as próximas décadas estar perto de pessoas afetuosas e que desejem igual o meu afeto. É toxico amar alguém que não deseja amor. Isso tira “vida” da alma. Não vale o esforço!
Por fim, quero chegar aos setenta anos riquíssimo! Pois hoje me considero uma pessoa rica, logo, preciso multiplicar minha riqueza. Sou rico, pois tenho “mesa” e “cama”. Sou rico, pois, tenho pessoas para partilhar a vida, partilhar amizade e partilhar intimidade. Tomar um bom café, para mim, é sinônimo de riqueza. Sou rico, pois, aproveitei bem essas décadas que a vida me deu de presente, mas elas se foram, entretanto, estou cheio de vontade de aproveitar as próximas que virão, então, sinto que aos setenta, serei “arquimilionário”. Serei mais e melhor do que hoje.
Cuidando do ser! Levante a cabeça. Olhe para frente. Jogue fora toda essa “tranqueira” guardada na sua casa e no seu coração. Coisas desnecessárias sufocam a alma!  Lembranças tristes são desnecessárias e cansativas, deixe junto das caixas de papel, deixe o lixeiro levar, não farão diferença. Olhe para o seu corpo! Perceba o que estas fazendo com ele. Estou preparando o meu para mais uns trinta e cinco anos com qualidade. Prepare o seu! É a sua saúde, é a sua vida! Ainda há tempo! Seja rico, busque a riqueza da vida. Dinheiro é valor, é importante, mais vem e vai. Todavia, nada é tão rico como um encontro, como estar na presença de pessoas que te amam e fazem questão de demonstrar a alegria desse momento. Busque essa riqueza! Existem pessoas que, certamente, te amam... Vá atrás delas...faça melhor... Aproveite toda essa gama de vida que lhe pertence.... e que venham os próximos segundos, minutos, horas, dias, meses, anos e décadas....


 Por “ele”, o futuro, fui convidado e aceitei o convite...Vou em frente.... vou para frente....e, já decidi... serei mais feliz, mais saudável e muitíssimo rico nos próximos anos... Vem! Vamos juntos! E seja feliz....É possível, acredite!





segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

CUIDANDO DO SER XXXIII - NEURÓTICO

      Neurose! Segundo Freud todos em maior ou menor grau tem a sua. Por esses dias resolvi pensar a minha, se é possível. Quem é filho de pais separados saberá bem o que pretendo dizer. A percepção de vida é a de que as pessoas que estão ao seu redor a qualquer momento te deixarão. Isto por conta dos registros antigos, impregnados na alma, por uma família que por algum motivo se desmantelou. E isso tira o nosso chão! Faz a gente ficar neurótico, com medo, pouco apegado e desafetado das pessoas, pois como escrevi, acreditamos que os que dizem que nos amam, daqui a pouco irão embora, nos deixarão como já aconteceu no passado. Quase sempre isso não é a verdade, mas é a “nossa” verdade!

     Dias atrás, como de costume, estava tomando café com a Rê. Numa daquelas conversas inteligentíssimas, pois ela é muito inteligente. Começamos a falar sobre o conceito de amor. Assim do nada eu falei uma frase meio sem pensar, sem filtro, o “Id” conseguiu colocar para fora sem eu perceber, quando vi: CRASH, BOOM, BANG! A frase dizia assim: Eu não acredito que você é a pessoa que mais me ame! Acredito integralmente no amor de outra pessoa. NOOSSSSA! E para explicar essa frase. Que não era ato falho, é a minha verdade... Bom, (re)disse da existência de um amigo que conheço desde os 5 anos (Chiquinho). E em todos os tormentos da minha vida, leia se, o pior deles a separação dos meus pais, que foi um processo longo e doloroso. Quem sempre estave lá? Chiquinho! Unha e carne. Fechamento. Rimos juntos milhões de vezes e choramos algumas.... A vida me fez perceber que naquela amizade nunca me sentir só, abandonado, desamparado. Ele, também, como filho de pais separados... pronto...erámos uma família, fora da família! E quanta “fanfarrice” fizemos juntos....  imponderáveis “anos incríveis”, eu diria!

      O problema não é o sinal da tv, ultra K. O problema é o meu receptor, VHS. Os meus registros, os carimbos, as minhas impressões... Quem, nos primeiros anos de casamento, nunca pensou em desistir atire a primeira pedra, mas o Chiquinho sempre tive a sensação, estaremos sempre juntos, não importa o que aconteça! Mas sei bem, minha esposa me ama... e para tal não há margem para dúvidas, eu que, as vezes, pareço duvidar do amor!  

      Não sei bem se a Rê entendeu...ela é inteligente, entenderá! Sei que ela me ama com tudo que pode, e sou grato por isso... Da mesma forma vou tentando colocar aqui dentro o caos em ordem, vou tentando acreditar, acreditando e vivendo. Sei que nessa vida não existem certezas, apenas possibilidades, quando se trata do subjetivo interior.
     

     Cuidando do Ser! Quais são as suas neuroses? Quais são os seus medos? Quais são as suas dificuldades? O que te trava? Posso dizer, por experiência própria, em algum momento é melhor parar de fugir, elaborar e enfrentar, ainda que necessite de ajuda externa! O medo ainda existe, mas por esses dias comprei uma “nova antena”. E ela já esta captando novas ondas, ondas de amor! O Chiquinho sempre estará lá, é o decano da minha alma, mas hoje posso dizer, ele não esta mais sozinho!!!! Se eu dissesse, vocês não acreditariam... Se sentir amado é muito bom para “neuróticos” como eu! Para neuróticos nos nós....



Por Luciano de Paula
18/01/2016.