segunda-feira, 10 de maio de 2010

CUIDANDO DO SER VI - PERDAS E DANOS.

PERDAS E DANOS
         O coração aperta. A alma chora. O chão parece desaparecer sob os pés. O mundo “cai” sobre a cabeça. A esperança some, o medo inunda o ser e lágrimas, quase sempre, desce do rosto. São esses, dentre muitos sentimentos, que a alma humana vive e sente diante da perda.

         A perda é marcante, mexe com o mundo interior. O ser humano se torna impotente diante dela. A transitoriedade da vida vem mostrar que mais cedo ou mais tarde vamos ter de enfrentá-la, mais cedo ou mais tarde perderemos pessoas e coisas que amamos, que amamos muito.

        Penso em perdas normais, perdas que fazem a roda da vida girar: o fim do ensino médio e os rumos diferentes que os colegas queridos seguem, a perda de um bom emprego, a perda de uma boa oportunidade. São perdas que nos fazem ver que a vida é cheia de outros momentos. Existem outros colegas, a universidade vai mostrar isso, existem outros empregos, tão bons quanto, existem outras milhares de oportunidades.

       Penso também em perdas danosas, que mudam completamente o rumo da vida interior: Aos cinco anos de idade, em um restaurante com meus pais, perdi minha chupeta (minha marcante primeira perda) chorei quase a noite toda, meu pai voltou ao restaurante para tentar reencontrá-la, sem chances. Nunca mais fui o mesmo, nunca coloquei outra chupeta na boca. Como a chupeta que se vai, o amigo que se despede definitivamente (por qualquer motivo), a paixão que acaba (quando jurou ser eterna), o amor que não da certo, simplesmente não resiste e acaba. Para não falar da perda dos entes queridos, que a vida insiste em tirar de cada um, às vezes de forma tão brutal e inesperada. Perdas danosas... já me fizeram chorar, as vezes nos fazem chorar, mesmo que seja interiormente, no silêncio da alma.

      Desde meus cinco anos de idade, já sei bem, perdas existem. Hoje um pouquinho mais velho, procuro tratá-la com indiferença, como se ela não existisse, mas sei bem, mas cedo ou mais tarde vamos nos encontrar e será, como sempre, dramático o final.
                                                                               
Por Luciano de Paula
09/05/2010