domingo, 28 de maio de 2017

CUIDANDO DO SER XIX - MORTE


     Você já sentiu a presença da morte? Por três, vezes senti o frio de sua presença. A primeira delas foi quando estava à frente de uma Instituição. Depois de ter acontecido um roubo, os rapazes que ali estavam, resolveram bancar uma de detetives. Descobriram o provável ladrão. E por conta disso, houve uma série de situações. A pessoa acusada do roubo resolveu ir até aquela Instituição. Era domingo à noite. Eu estava fazendo alguma coisa e alguém chegou e sussurrou ao meu ouvido: “Há uma pessoa lá fora e disse que veio pra te matar!” O resto é história e estou, ainda, vivo, aqui!
     O meu segundo flerte com a morte foi em um assalto. Eram 6h30 da manhã e, ao passar por um quebra-molas, vejo, adiante, uma pistola nove milímetros apontada em minha direção. Eram dois assaltantes fortemente armados. Pediram para eu descer e ficar de costas. Sentia os dedos frios da "morte" acariciando meu pescoço. Todavia, preferi não me virar, pois se era para encarar a morte, representada por uma pistola, então "tombaria" de peito aberto. Olhos nos olhos. Eu e a morte. Ainda não foi dessa vez! Ainda estou aqui para contar a história e recuperei o carro.
     O terceiro encontro mortal foi na autoestrada a 110 km por hora. Deparei-me com uma pedra do tamanho de uma bola de futebol de salão. A única coisa que vi foi essa pedra rolando pela estrada. Bateu no muro de proteção e veio em minha direção. Essa, voando a 1 metro e 20 centímetros do chão, escolhe colidir exatamente na coluna lateral do carro. Dez centímetros para direita ou para esquerda e eu não estaria aqui para relatar o fato. Pelo amassado da coluna do carro, essa pedra, se batesse no para-brisa ou na janela lateral, teria invadido o carro, me acertado e eu não estaria aqui, agora, para contar esta ou outra história. A morte tem-me "paquerado", todavia tenho procurado resistir aos seus "encantos". Amo a vida. Estou em um relacionamento sério de amor com a vida.
     Assim, depois de um tempo, nessas últimas duas semanas tenho me sentido muito sensível, bem à flor da pele. Tenho me permitido pensar e repensar profundamente a vida. O que é importante? Onde vale a pena gastar energia? Quem eu amo de verdade? O que é amar alguém "de verdade"? No ato de “re-elaborar” a morte, tenho me reencontrado com a vida. Três foram as oportunidades de viver e reviver. E venho aqui me repaginar e me reconstruir. Venho aqui te incentivar a prosseguir e viver. Venho aqui dizer que, não sei quantas vidas ainda temos, mas podemos usar essa vida para: 1) amar mais e incondicionalmente, 2) se importar mais, 3) perdoar mais, 4) valorizar mais e 5) acolher mais... Aproveite o aroma do café sobre a "pedra", aproveite o calor do sol em seu corpo, viva intensamente os encontros e desencontros da vida. Ame mais uma vez e de novo ... ame outra vez...seja grato...viva quantas forem as oportunidades que lhe forem dadas!
     A morte já me desejou. Um dia ela me terá. Entretanto, por agora, estou desejando a vida. Quero viver. Quero me desafiar a novos horizontes, novas expectativas, novas buscas, novas leituras. Quero preencher minha vida de alegria, quero cantar outras músicas, sentir outras sensações, respirar outros ares. Por essas e outras, a vida vem me lembrar: ainda há um mundo de possibilidades a ser vivido...e não posso me olvidar....
     CUIDANDO DO SER. Quantas vidas você já viveu? Quantos "escapes" você já teve? Vamos em frente...sejamos gratos ao tempo que se chama hoje. Aproveitemos o tempo que ainda nos resta. "Amanhã", certamente, não estaremos aqui para contar a história, mas aqueles que fizerem em nosso lugar, que possam dizer: “conheci essa pessoa e ela viveu uma vida boa, de intensidades, potências, gratidão e amor”!
     Entregue se hoje, viva hoje, ame hoje ... Amanhã? "Amanhã não se sabe, vivo agora, antes que o dia acabe", diria o poeta popular. 
     Cuide se!


Por Luciano de Paula
28/05/2017.

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