A situação se tornou insustentável. A
angustia, o aperto e o incomodo tomavam conta desse relacionamento. Todas as
noites, quando me deitava, assim que o sangue do corpo começava a esfriar, um
desconforto enorme iniciava. Era o dente
do siso, nascendo depois dos meus trinta anos. Não havia espaço para ele em
minha gengiva. Agonia e aperto eram as
palavras de ordem nas minhas noites mal dormidas.
Fui ao dentista. Ao perceber a
situação, disse, imparcialmente: "Têm que extrair". A anestesia foi aplicada e depois de certo
esforço, estava o grande dente em minhas mãos.
O dentista disse que se dependesse
dos meus dentes para trabalhar, ele iria a falência. Gosto dos meus dentes.
Procuro cuidar deles. Fiquei triste ao ter de me separar do meu siso. "Por quê?,
me interroguei. Não encontrei respostas, nem culpados, apenas encontrei a separação
silenciosa e não menos traumática.
Quando penso em algumas relações
humanas, posso compará-las a minha situação com o dente. Alguns relacionamentos
simplesmente acabam! A vida simples, inevitavelmente assume rumos diferentes.
Não há espaços para culpados, pois eles não existem. A conexão se vai, tal qual a “internet discada que caiu”!!! E
por mais difícil que pareça tudo isso, deve ser aceito, pensado, elaborado e reelaborado
como parte do processo contínuo de construção da vida...
Cuidando do Ser. Foi muito, muito difícil
aceitar a perda do meu dente. Hoje, fica a lembrança deixada, o espaço ainda
plenamente não preenchido, mas sei que sua permanência em meu mundo, em meu
corpo era improvável, entretanto, com o tempo; e pensando bem, foi o melhor.
Assim, mesmo que pareça incompreensível, injusto, mesmo que pareça loucura, aceite algumas perdas. Já sei bem que aceitando ou não, elas acontecerão e sem que haja culpados, nem justificavas. Então porque não assumir esse espaço? Porque não assumir esse vácuo deixado como possibilidade de novas experiências, de novos encontros, de novas oportunidades, de novas pessoas, de novas coisas, de novas emoções e percepções? Hoje, a perda pode ser vista como uma nova oportunidade de realocar os espaços, arrumar o interior e se reinventar para novas possibilidades. Assim, posso dizer, por vivência e por conhecimento de causa...: Algumas perdas (ainda que sentidas e traumáticas) são boas e reestruturantes... necessárias, ainda que nunca plenamente entendidas.
Assim, mesmo que pareça incompreensível, injusto, mesmo que pareça loucura, aceite algumas perdas. Já sei bem que aceitando ou não, elas acontecerão e sem que haja culpados, nem justificavas. Então porque não assumir esse espaço? Porque não assumir esse vácuo deixado como possibilidade de novas experiências, de novos encontros, de novas oportunidades, de novas pessoas, de novas coisas, de novas emoções e percepções? Hoje, a perda pode ser vista como uma nova oportunidade de realocar os espaços, arrumar o interior e se reinventar para novas possibilidades. Assim, posso dizer, por vivência e por conhecimento de causa...: Algumas perdas (ainda que sentidas e traumáticas) são boas e reestruturantes... necessárias, ainda que nunca plenamente entendidas.
Por Luciano de Paula.
13/05/2013.
Muito bom.
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